quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Reciclar gastando mais ou viver comprando menos? Hein?

Escutava o rádio. As propagandas distraem mais do que nos informam sobre o que comprar. Pensava nos afazeres. Até escutar que um produto mais caro pode ter uma embalagem biodegradável, reciclável ou de fácil decomposição. Voltei a atenção para o que escutava.

Como assim?

Por que será que o que “faz bem à humanidade” sempre é mais caro? E por que será que nós concordamos com isso?

Deveria haver uma lei que obrigasse as empresas a embalar seus produtos com material reciclável, sem que isso representasse um aumento do preço final do produto, ou afetasse o consumidor de alguma forma. Como incentivar o consumo de produtos que não agridam, ou agridam menos o meio ambiente, se eles custam mais caro, sempre? Se já não há dinheiro para custear o necessário, o que fazer então para satisfazer as necessidades sem destruir o meio?

Diria que tudo isso é ilógico. Mas vai ainda além. A questão da reciclagem, por si só, nem é das mais simples e lógicas.

Para se ter uma idéia, a conservação do meio ambiente vai muito além da nossa própria capacidade de existir no mundo. Se o homem sumir da face da terra, apenas uma espécie de ácaro some junto com ele. Em compensação, se a formiga sumir do planeta, outras 150 espécies serão afetadas e destruídas pela cadeia alimentar. Me disseram isso num seminário esta semana. Só o fato de existirmos já causa estrago ao mundo.

Enfim, é importante que se perceba que o homem não é culpado de tudo. Existir já causa danos ao meio ambiente. Claro que demos preservar e conservar, mas essas coisas devem ser feitas a partir de planejamentos que permitam isso.

Recomendo a leitura do texto “O cinismo da reciclagem”.

Me recuso a aceitar propagandas que me incentivam a comprar mais caro uma coisa que necessariamente é para o meu bem. Mesmo que você compre por que sabe que é menos danoso ao meio ambiente, o fato de ser mais caro não deveria ser motivo de orgulho.

3 comentários:

  1. é verdade, como tudo que é saudável é caro, não é? incrivel como é as coisa, incentivam ao habitos saudáveis mas esquecem de "ajudar" na compre destes habitos. texto muito bem escrito, parabens. Avanny

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  2. Hum...
    Mas acho que a questão não é sentir orgulho porque foi mais caro. Acho que o fato de ser menos danoso é que serve para justificar o preço.
    De qualquer forma, tem aquele papo de que as técnicas para a produção de produtos "ecologicamente viáveis" são mais caras e tal...
    Acho que é preciso tomar cuidado com determinados discursos. Ainda existe um forte interesse industrial em produzir mais por menos com o intuito, é claro, de aumentar o lucro. E é justamente por isso que não existe uma lei que obrigue empresas a embalar seus produtos com material reciclável. Como sempre, as leis são feitas para a satisfação dos interesses da classe que tem poder econômico.
    Apesar de ser crescente a onda de pessoas que pensam em comprar coisas recicladas ou que tenham menor impacto no meio ambiente, isso ainda é uma parcela pequena do total. E, enquanto ninguém pensar numa solução mais viável, é o que se pode fazer. Limitações da humanidade. Uma dentre várias.
    No final das contas, temos é que pensar na sobrevivência do coitado do ácaro... Ao que parece, este está cada vez mais ameaçado.

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  3. Aparentemente, certo estava o Agente Smith (de Matrix) quando afirmou que "o homem é o câncer da terra" (ou algo mais ou menos assim). A produção de detritos (lixo) é inexorável à condição humana, portanto buscar formas ecologicamente corretas de manejar o lixo que produzimos e tentar minimizar os danos ao meio ambiente é uma atitude coerente com a época que vivemos de "ameaças globais" e hiperaquecimento. Porém, acho, que seria um pouco de "inocência" esperar que esses produtos "ecologicamente corretos" fossem mais acessíveis pois, em teoria, demandam mais custos na sua produção. Uma lei conforme a sugerida no texto seria uma boa para os consumidores e para a natureza, mas, possivelmente, viria a afetar negativamente a grande indústria, seja na diminuição da competitividade das empresas nacionais frente o mercado externo ou na diminuição de postos de trabalho. Bem, são questões que levantam mais e mais questões...

    Um beijão e parabéns pelo blog,



    Leonel.

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