quinta-feira, 1 de maio de 2008

E agora, doutor? Até na medicina??

E parece que realmente o mundo está mudado. Para pior, em muitos casos. Tido como um dos melhores cursos a se fazer na vida e uma das profissões mais "importantes" do universo, a medicina sofreu sérios abalos na terça, 29, quando o MEC divulgou uma lista com o resultado do ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. A grande surpresa foi ver nada menos que 17 cursos em todo o Brasil estarão supervisionados pelo Ministério da Educação, em decorrência do baixo desempenho.

Quatro destas instituições tiveram uma média de resultados menor que 2, (a UFAL teve média 2,0) ou seja, em quatro Instituições de Ensino Superior os estudantes tiraram 1,0!! na prova. Em entrevista a secretária substituta de Educação Superior (Sesu), Maria Ieda Diniz, disse que “Todo esse processo poderá trazer no futuro bons resultados. Instituições farão reflexões internas. E o MEC, por sua vez, deverá dirigir um olhar mais específico para esses cursos”. Hummm...
Pode ser. Afinal, não se pode permitir que um curso tão "bem avaliado" pela maior parte da população, perca pontos no Ibope por causa de uma nota no ENADE... Não é mesmo? O Jornal da Ciência divulgou uma reportagem sobre o assunto, dizendo que "os cursos com baixo desempenho terão dez dias de prazo para apresentar um diagnóstico dos problemas enfrentados e um plano de trabalho para melhorar a atuação. Caso esse termo não seja considerado adequado pelo MEC, equipes de auditores serão destacados para visitar cada instituição. O MEC poderá destinar recursos extras para melhorar as condições desses cursos. Essa possibilidade já foi mencionada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. “Não sabemos ainda se isso será necessário. Em caso positivo, recursos extras serão destinados para esses locais”, disse".
Um fato curioso
Após o resultado das provas o que mais causou revolta não foi bem o baixo desempenho dos alunos. Mas sim, a justificativa do reitor da UFBA sobre o mau resultado de seus alunos.

Adriana Vasconcelos, Biaggio Talento e Danilo Fraga escrevem para “O Globo”:
Uma declaração do coordenador do curso de medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Antonio Natalino Manta Dantas, atribuindo o mau resultado da faculdade no Enade “ao baixo QI (quociente de inteligência) dos baianos”, causou forte reação ontem da comunidade acadêmica e de representantes do movimento negro da Bahia, que viram racismo nas palavras do professor. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão na Bahia, ligada ao Ministério Público Federal no estado, abriu inquérito para investigar suspeita de crime de racismo.
A frase de Dantas que mais irritou os baianos foi a de que um dos indicativos da falta de inteligência dos nativos seria o berimbau, “um instrumento para quem tem poucos neurônios, pois só possui uma corda”. Na visão de Dantas, o instrumento não requer muita concentração e habilidade para ser tocado. O dirigente também ataca cotas e ritmo do Olodum. O coordenador da UFBA também insinuou que a política de cotas para negros pode ter contaminado o resultado da faculdade no Enade, e citou o batuque do grupo Olodum como um exemplo de primarismo musical da Bahia.
(O Globo, 1/5)
Completamente ABSURDO.
E ainda dizem que as coisas vão melhorar. Acredite...

Daqui a pouco vamos ter médicos por encomenda. Peça já sua receita...

Um comentário:

  1. é engraçado demais essas coisas... Alternativas propostas: maiores recursos (coisa não prevista pelo ENADE, nem pelo sistema nacional de avaliação, como foi uma das brigas dentro do Ministério há 3 anos atrás), e aumento de vagas... peraê, os cursos estão "ruins" e, pra resolver, vão aumentar as vagas ??????
    não entendi, sério, estou meio brôco, eu axo...

    ah, e só a Medicina está na mira do MEC? mais ninguém? vixe, eu axo até bom q eles não encham o saco dos outros diversos cursos podres que temos por aí...

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