terça-feira, 20 de maio de 2008

O que aprendi com Paulo Bruscky

- "Arte se embala como se quer"

- Você edita seus filmes?
- Não. Por que também não edito minhas idéias...

- O que é normal?
- O que é arte?
- O que é feio?
- O que é o acaso?
- O que é bom? Mau?

- "Eu adoro apanhar coisas na rua e deixar no ateliê... Sei que talvez nunca me sirva, mas dá prazer só em olhar..."

- "Não tenho o menor sentimento sobre aquilo que fiz, cada obra que eu termino morre, fica no passado. Se não, a gente não termina nunca."

- "Vou fazer uma fogueira do material que está encaixotado... (risos) Não faz sentido juntar coisas..."

- "Não faço muita preocupação com minhas obras."

- "Pra fazer arte tem que conhecer de tudo, arquitetura, física..."

- Bruscky falou ainda, em sua palestra na Pinacoteca Universitária, no Espaço Cultural da Ufal, em 17/05, sobre a falta de interesse dos museus brasileiros em comprar obras contemporâneas... Como dizia um amigo na hora "o pessoal só dá valor à arte quando o artista tá morto...". Ele (Paulo Bruscky) disse que o desinteresse se deve, principalmente, ao fato de que "quanto menos consciente da arte o povo estiver, melhor para o governo, que dá dinheiro para 'qualquer porcaria' menos para a cultura". "A maioria das pessoas se preocupa só em concluir o expediente, e não em fazer nada pela cultura".

- "Devia existir uma preocupação em levar a arte para todos, a arte não deveria ser para intelectuais, críticos de arte, nem nada disso. Até por que, a verdadeira crítica de arte é feita pelos próprios artistas, que sabem o que fazem e podem falar sobre isso."

- "Sempre procurei ler muito e me informar muito para não correr o risco de trilhar o caminho de outros. As pessoas só sabem escrever por analogia, é inevitável as comparações. Você tem que se informar para não trilhar o caminho dos outros."

- "É mais fácil associar do que pensar."

- Durante um interrogatório, quando foi preso no período militar, um dos oficiais falou:
"Então quer dizer que o senhor tem um conceito muito aberto do que é arte...? Se eu pegar um tijolo e pregar na parede o senhor diz que é arte?" E a resposta de Bruscky: "Se você colocar não, mas se eu colocar é arte sim." Neste momento, o público na Pinacoteca aplaudiu o que me pareceu ser uma das melhores demonstrações de autoconfiança e defesa da opinião própria.

- Citou Duchamp: "Devemos nos preocupar com as pessoas sérias, por que a seriedade é um grande predicado para se tornar tirano".

- "O importante não é fazer, é saber ver."
- "A arte é maneira de ver, não é fazer. A arte não existe, o artista não deveria existir, todo mundo é artista."

Um comentário:

  1. Essa história do tijolo na parede... Vai ser arte de qualquer maneira, mas só para aqueles que conseguirem entender alguma coisa daquilo. Pra mim, por exemplo, só seria um tijolo na parede. Acho que, como ele falou, não existe artista mesmo. Ou melhor, o artista não pode se denominar artista. É necessário que alguém o denomine. Então... A dança do "creu" é arte? Para alguns sim. A Banda Calipso faz arte? Na minha opinião, faz. E nesse conceito que não é conceito, mas anarquia, cada um vai definindo o que seria ou não arte e se aproximando do conceito de "gosto". E na concepção "filosófica" de um amigo do CEFET: "Gosto é que nem cu. Cada um tem o seu e alguns ainda têm os dos outros". Ou como diria o Caetano: "Ou não" =P

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